quinta-feira, 2 de julho de 2009
Piadinha - Situação da música erudita no Brasil
quinta-feira, 16 de abril de 2009
Messias, de Handel, e a Clave de Dó
Uma das primeiras peças que estudei nas aulas de regência orquestral foi justamente a abertura do Messias. Aprendi muito sobre regência enquanto estudava esta peça. O professor da minha turma, o maestro Abel Rocha, nos ensinou a estudar várias nuances da peça para que tivéssemos o maior domínio possível da partitura antes de começarmos a regê-la. Foi um estudo muito esclarecedor e, confesso, absolutamente torturante. Depois de realizar a análise harmônica, indicar as progressões e modulações, analisar os temas, anotar articulações, indicar entradas, respirações, mudanças de agógica [palavra que entrei na faculdade sem saber o que significava... hehehe] e tudo mais, tínhamos que contar ao professor qual era a 'história' da música, narrando todos os acontecimentos, harmônicos, temáticos ou técnicos, em forma de texto. Só então íamos para a frente da classe começar a reger a peça. Ao invés de instrumentos, eram os próprios alunos que deveriam solfejar as vozes, se dividindo em violinos 1 e 2, violas e baixo, enquanto o Abel tocava o baixo contínuo [aqui, a linha do baixo acrescida dos apoios harmônicos] ao piano. Um caos divertido. Os que ficavam responsáveis pela linha de violas, escrita na clave de Dó, sempre se perdiam no meio da leitura [o andamento da peça após a introdução é bem acelerado] e levavam olhares reprovadores do professor. Levamos muitas broncas sobre a importância que estávamos dando à peça e a forma com a qual estávamos a estudando. Broncas assim não eram incomuns nas aulas com o Abel. Pra mim sempre serviram de incentivo pra melhorar. Na ocasião, ele nos obrigou a estudar individualmente todas as linhas da peça [com quase 100 compassos] ao ponto de decorá-las. Não que precisássemos decorar as linhas, mas foi o que acabou acontecendo. No dia da prova, antes de começarmos a reger, tivemos que primeiro 'narrar' a linha de regência e depois solfejar um trecho em clave de Dó [pra mim foi escolhido um trecho no meio do processo de modulação, pra "facilitar"]. Depois veio o seguinte diálogo:
Abel - agora sabe a peça inteira?
Eu - acho que sim.
Abel - acha?
Eu - tá, eu sei.
Abel - então qual é a primeira nota da viola no compasso 21?
Abaixei a cabeça pra pegar a partitura.
Abel - sem olhar na partitura, claro. Não perguntei se você sabe ler, mas se sabe a música.
Parei pra pensar. Compasso 21 era onde a viola entrava no allegro. Primeira nota da viola? Fácil. "Si natural" - respondi orgulhoso. Mas ao invés de me parabenizar pelo acerto, o professor continuou.
Abel - tá, e no primeiro tempo do 31?
Droga, achei que tinha acabado a tortura. Tilt cerebral total. Fecho os olhos, começo a solfejar mentalmente toda a linha da viola desde o compasso 21 e dez compassos depois chego à resposta. "Ré" - respondo. Novamente, silêncio. "Tá, agora pode começar a reger" - disse o Abel, sem nenhum comentário adicional. O que, vindo dele, já tinha que ser considerado um sinal de aprovação. Fiquei pensando coisas de criança birrenta como "achou que eu ia errar, né?" ou "não conseguiu me pegar" [hehehe]. Depois, orgulhoso, regi a peça, acho que fui bem, tirei uma boa nota e passei de semestre.
Hoje, ao começar a escrever este post, encontrei minha partitura, toda colorida com as anotações de entradas, respirações, temas, mudanças de dinâmicas, apoios harmônicos, modulações. Ouvi a peça [ neste link tem um vídeo do Youtube, não é de uma orquestra de ponta mas a peça está bem executada] acompanhando na partitura e percebi que ainda tenho boa parte da linha de viola decorada, com nomes de nota e tudo mais. Comecei a pensar que eu, como a maioria dos estudantes de música, com exceção dos violistas, tenho mais facilidade com as claves de Sol e de Fá, por ter desde cedo estudado solfejo nestas claves e ter tocado instrumentos cuja escrita é feita nestas claves [estudei contrabaixo - clave de Fá -, violão - clave de Sol - e piano - ambas -, mas nenhum instrumento que utilize bastante a clave de Dó], além de que o estudo de harmonia e composição é feito quase todo sobre estas claves. Por ter menor facilidade em ler na clave de Dó, acabei decorando a linha de viola do Messias, sem precisar me apoiar na leitura. Fiquei agora pensando se o silêncio do Abel foi um gesto de aprovação ao meu estudo, se foi um gesto de auto-aprovação por ter conseguido nos fazer estudar direito ou se foi um modo dele nos mostrar que realmente não estudamos a clave de Dó com o afinco que ela merece, tendo que decorar as linhas para não depender da leitura. Com o Abel tudo podia ter mais que um significado. Se eu perguntar, ele nem vai lembrar. Ou vai me perguntar "O que você acha?". Nunca saberei.
quarta-feira, 8 de abril de 2009
Handel - gigante cosmopolita no séc. XVIII
O compositor mais importante da Inglaterra no século XVIII não era inglês. Após a morte de Purcell, a música inglesa ficou estagnada e só voltou a ter vida décadas depois, com as grandiosas obras de um compositor alemão, nascido na cidade de Halle em 1685. Georg Friedrich Haendel era filho de Georg Haendel, um conhecido cirurgião-barbeiro de Halle e também da corte de Saxe Weissenfels. Friedrich mostrava talento para a música ainda muito novo, mas seu pai não o encorajou e o matriculou no colégio com o intuito de que seu filho seguisse a carreira jurídica. Assim, o pequeno Handel estudava cravo às escondidas do pai enquanto continuava seus estudos formais. Mas não esconderia seu talento por muito tempo. Acompanhando seu pai em uma visita à corte de Weissenfels, com apenas sete anos, Handel resolveu brincar no órgão da capela na presença do duque de Saxe e de seu mestre de capela, Johann Krieger. Os dois ficaram impressionados com a técnica prodigiosa do menino e aconselharam Georg pai a oferecer educação musical ao seu filho. Ao voltarem à Halle, Georg colocou o pequeno Handel em aulas de cravo, com a condição de que ele continuasse seus estudos regulares. E assim começou oficialmente a história musical de Handel.
quinta-feira, 2 de abril de 2009
Purcell – o “Mozart” da Inglaterra
sexta-feira, 27 de março de 2009
Compositores do Ano
quarta-feira, 4 de março de 2009
Os melhores maestros de todos os tempos
Impressiona ainda na lista a diferença de apenas 1% entre o lendário Arturo Toscanini, famoso pelo autoritarismo com o qual conduzia e pelo perfeccionismo quase exagerado, e o alemão André Previn, conhecido por suas pontes entre o clássico e o popular, normalmente não considerado um maestro extraordinário pela crítica. Além disso, a regente Marin Alsop coloca uma presença feminina na lista, em nono lugar - um grande feito, levando em consideração o mundo tradicionalmente conservador e machista da música erudita.
Confira e veja se concorda ou discorda da lista da BBC, que em 4 de março, com quase 1100 votos, dava os seguintes resultados:
1. Sir Simon Rattle 21,1%
2. Herbert von Karajan 20,2%
3. Leonard Bernstein 18,6%
4. Sir Georg Solti 10,7%
5. Arturo Toscanini 7%
6. André Previn 5,9%
7. Gustavo Dudamel 5,4%
8. Sir Thomas Beecham 5,3%
9. Marin Aslop 3,1%
10. Sir Malcolm Sargent 2,7%
segunda-feira, 2 de março de 2009
Finalmente, 2009
terça-feira, 17 de fevereiro de 2009
Yan Tortelier chega em grande estilo
Preocupados com o sentimento de "orfandade" que a saída do maestro John Neschling pode gerar no público da Osesp (Orquestra Sinfônica do Estado de SP), os organizadores da próxima temporada preparam surpresa para os que forem à abertura da temporada de 2009: o público será recebido pelos músicos nos salões da Sala São Paulo. E o maestro Yan Tortelier, que substituirá Neschling, participará de um coquetel e de uma conversa com a platéia.